quinta-feira, 4 de abril de 2013
E tanta coisa mudou...
Venho pensando bastante em tudo e vendo que muita coisa mudou de uns tempos pra cá. Ontem eu estava em casa pensando no que fazer da minha vida, cheio de sonhos e de mãos atadas por estar em um lugar tão pacato como Itanhaém, imaginando milhares de possibilidades (cabiveis ou não) de mudar o meu rumo, até que num momento subto de loucura resolvi embarcar num navio pra ficar meses fora, longe de casa, da familia, dos amigos e da minha real vida. Conheci gente de tudo que é canto do mundo, ouvi linguas que nem sabia que existiam, aprendi a respeitar novas culturas, aprendi também a dar valor a coisas simples e vi que muitas vezes nós podemos nos contentar com tão pouco e nem damos valor. Aprendi a dizer EU TE AMO com a verdadeira força que essa frase pede pra ser dita, com o sentimento verdadeiro do que é o amor. Senti saudades de um jeito o qual muita gente jamais vai sentir, passei por inúmeras situações, desde incríveis, as frustantes, chatas, inesquecíveis e então descobri que a amizade é uma coisa essencial e por mais que você cative alguém e compartilhe momentos simples e curtos, certas amizades marcam sua vida de uma forma única e isso faz com que pessoas permaneçam no seu coração pro resto da sua vida, mesmo você podendo correr o risco de nunca mais vê-las novamente.
Muita coisa aconteceu e eu aprendi a me envolver, sabendo que o amor que eu sentia era carência e que o sofrimento era sempre passageiro. Peguei sem me apegar e me apegando também, mas qual a graça da vida se não for assim? quantas vezes me peguei pensando que tudo seria bom se fosse fácil, e logo depois me peguei pensando que se fosse tudo fácil, não teria graça alguma...
Sobrecarreguei, cansei, magoei, achei que não fosse capaz. Saí de cabeça erguida com a ideia de que poderia não ser um tchau definitivo, e com a certeza de que saí, fiquei com vontade de voltar em uma semana, mas pensando que pelo que estava recebendo não valeria mesmo a pena.
Tentei tomar um rumo em terra, em vão. Na cidadezinha pacata, nada do que almejava era possível, e num outro momento subto de loucura decidi voltar e tentando pra uma companhia, passei por outra e embarquei nessa vida mais uma vez, achando que tudo que eu esperava encontraria, e quebrei a cara vendo que estava recebendo pouco pelo pouco que trabalhava, e assim meu mundo sofreu uma outra grande mudança: me vi tendo uma força (psicológica e física) que jamais achei que teria. Mostrei pra o que vim e até então continuo mostrando. Cativei mais pessoas e sei que muitas dessas pessoas, como tantas outras, jamais vou ver também. Me envolvi de novo, disse adeus mais de uma vez, sofri as vezes calado e outras tantas em ombros amigos, amigos esses que muitas vezes já me deixaram na mão e muitas vezes já me apoiaram, amigos os quais eu posso continuar vendo e revendo depois que sair desse mundo paralelo, ou não mais.
Mas como posso saber? Tudo é tão diferente fora daqui. Conheci muita gente e me apeguei a pessoas que moravam perto de mim e depois de desembarcados não consegui ver ninguém. Estranho, porém a triste realidade da vida a bordo. Você fora dela tem compromissos e imprevistos, não tem a facilidade que tinha antes de encontrar os amigos pelo corredor e poder trocar uma boa conversa todos os dias várias vezes.
Hoje me sinto muito mais maduro do que um ano atrás, completo cinco meses em poucos dias e saber que estou bem, forte e que posso ficar mais cinco sem tanto esforço, é incrivelmente revitalizante. Saber que meu trabalho é bom e reconhecido, mesmo sofrendo muitas vezes as incríveis injustiças a bordo que todo mundo sempre acaba passando, sei que faço o certo e que as pessoas veem isso.
Quero sair daqui com contrato finalizado e de cabeça erguida, sabendo que fiz examente tudo o que eu pude e quis. Que dei sempre o meu melhor e que apesar de nem todos gostarem de ouvir certas coisas, disse tudo o que merecia ser dito.
Mudei muito desde que embarquei nessa vida. Descobri que meu temperamento nervoso as vezes pode me prejudica, ou não, assim como muitas vezes falo tudo o que deve ser ouvido e recebo apoio, assim como outras vezes não recebo e me frusto, com vontade de bater em meia dúzia de pessoas inúteis, mas por não poder, me contenho.
Sei que amadureci em questão de vida. Sei que posso sair de casa e sobreviver sem meus pais, apesar de morrer de saudade deles, da minha irmã e dos meus cachorros, sei que sou grande o suficiente pra tomar um rumo grande na minha vida e essa opção pode existir depois de tamanha experiência vivida não só uma vez por loucura, mas sim por saber que sou capaz.
Amadureci no quesito relacionamentos, em partes, sei que ainda sou o mesmo bobo de antes que quando se apaixona só faz bobeira, mas a vida a bordo te mostra que tem tudo é do jeito bonito de ser, e que as vezes você fica com alguém que nem se imaginou e depois se apega, desapega, ou conhece alguém que pode levar pra vida inteira, vai de momento, vai de sentimento. E nesse quesito estou muito bem resolvido, sabendo que tudo o que eu faço é pensado duzentas vezes antes pra não sofrer consequencias ruins depois.
Mudei também visualmente, por subta loucura mudei do preto ao branco, ou melhor, do castanho ou louro. Causei revolta em alguns, inveja em outros, agradei muitos e alguns estranharam, hoje dizem até que já se acostumaram depois de uma semana e que não me veem mais de cabelo escuro.
Queria dizer mais uma porção de coisas que seriam cabiveis ao momento, mas por estar escrevendo a três noites e não ter a ideia concreta na cabeça, acabei por simplesmente desabafar mais uma vez.
Estamos na Europa e agora começa uma nova temporada, cheia de momentos incríveis, boas vibrações, novos lugares, novas aventuras e muita loucura.
so, that's it.
(postagem escrita 20/03 e postada somente hoje 04/04)
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